Desenho como experiência da contemporaneidade | Palestra IFRS/Atelier Livre | PORTO ALEGRE

Ante o acúmulo de imagens que nos atravessa, o olhar pode tanto neutralizar-se para a estesia das formas quanto, em oposição, qualificar a interpretação do mundo imagético. Ou seja, pode tender para a banalização ou para enriquecer-se ante o cenário da contemporaneidade, fortemente mediado pela imagem. O que nos cerca é alheio, até que passe a significar e seja apropriado pela intimidade de nossa língua pessoal.

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HIPER-REALISMO E GÊNERO: TRÊS ARTISTAS BRASILEIROS

Poucos anos atrás comecei um texto sobre a obra do gaúcho Patrick Rigon com uma pergunta que a professora Marilice Corona lhe fez: Quem foi seu mestre? E ele respondeu: “O Youtube”. Isso ainda dá conta de explicar parte da natureza da Figuração Contemporânea, ocupada com a imagem onde quer que ela venha operar seu milagre. Hoje, esse lugar é a tecnologia digital.Continuar lendo “HIPER-REALISMO E GÊNERO: TRÊS ARTISTAS BRASILEIROS”

TINTA BRUTA: o desenho realista do cinema brasileiro contemporâneo

A tag “cinema realista” parece sempre abrigar filmes violentos, abordagens brutais ou cruas. A impressão não é casual e os adjetivos definem bem a estética realista. Responde também o porque da vida só parecer real diante de algo inesperado: uma paixão, um acidente, uma perda. Justamente quando perdemos as ficções simbólicas que dão ordem à realidade – quando o cotidiano sai do normal, é que podemos ver a vida como ela é. Por quê? Porque a eliminação das coordenadas simbólicas que guiam a experiência nos permite focar a vida em sua brutalidade primitiva, seu Real obsceno. Não é exatamente que a vida “na realidade” é brutal: é que a ausência de ficções só pode revelar uma dimensão traumática.Continuar lendo “TINTA BRUTA: o desenho realista do cinema brasileiro contemporâneo”

Arte, Desenho, Magia

Morris pode não comunicar ao leitor sua imagem do centauro, nem sequer nos convidar a ter uma, basta-lhe a nossa contínua fé em suas palavras, como no mundo real. [1]
JORGE LUIS BORGES

Toda expressão artística é um ordenamento de forças. A princípio dispersas na cultura, e assim alijadas de significação, são essas forças dotadas de “sentido” e orientação pelo ato poético, o qual então atribui contorno ao ininteligível, presença àquilo que está entre nós, mas ainda não pertence ao mundo humanizado da linguagem. Organizando-as, ou seja, dando-lhes forma, a arte lança as forças pulverizadas da cultura para o interior do jogo simbólico. O Desenho é apenas um dos dispositivos que entretece a malha de significados implicados nessa operação, por meio do que chamamos narrativa.Continuar lendo “Arte, Desenho, Magia”

Notas para compreender a Figuração Contemporânea

A pintura é uma poesia silenciosa;
a poesia uma pintura que fala.
SIMÔNIDESin Plutarco, em De Gloria Atheniensium (III, 346)

Nesta semana (21), encerra a FIGURATIVA | 1ª Feira de Arte Figurativa em Brasília, promovida pelo espaço Par de Ideias. Assino a curadoria da Feira, e no texto curatorial (aqui) exponho os princípios que regeram nossa escolha – tanto temática, quanto das obras selecionadas. Segue resumo do conteúdo da palestra e do curso que ministrei em Brasília como parte da programação da Feira – o mesmo conteúdo será ministrado em Porto Alegre (17/01 e 14/02/19) no MARGS, e em Florianópolis (março/19) no Sítio Coworking. Nosso desejo é abrir o diálogo em torno dessa produção, compartilhando algumas reflexões acerca desse movimento tão recente no Brasil e no mundo.

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FIGURATIVA: 1ª Feira de figuração contemporânea de Brasília

Não há nenhuma idealização romântica ou inspiração clássica passadista; nenhum saudosismo, nem “desejo de retorno” na figuração presente na arte atual. É arte contemporânea em sua expressão plena – equacionados os preconceitos que reduziam a arte a um debate técnico. Os artistas que hoje recorrem aos elementos da tradição para articular o cotidiano estão interessados em realizar um exercício de escuta, de diálogo, um ensaio vigoroso de alteridade. Escrevi acerca do tema em outros momentos (aqui, aqui e aqui), e neste post transcrevo meu texto de curadoria para a FIGURATIVA – 1ª Feira de Arte Figurativa Par de Ideias. Continuar lendo “FIGURATIVA: 1ª Feira de figuração contemporânea de Brasília”

Palestra | “O Desenho como Experiência Visual” (MÍMESIS Curitiba)

O Curso Figura Contemporânea em Curitiba inicia em 15 de novembro com uma palestra gratuita, aberta ao público no horário das 19h às 21h. A palestra integra o Programa do curso, cujas inscrições continuam abertas, agora com valor promocional e 1 mês de desenho com modelo vivo como cortesia. O objetivo é uma abordagem profunda ao Desenho do corpo, aliando a teoria do Desenho à técnica de construção da figura. São 3 dias de workshop com GUSTAVOT DIAZ (PoA), seguidos de mais 2 dias de orientação técnica detalhada com os artistas ÉLIO CHAVES e FILIPE ANDRADE, coordenadores do PRÁXIS. Consulte o conteúdo completo AQUI!Continuar lendo “Palestra | “O Desenho como Experiência Visual” (MÍMESIS Curitiba)”

O Desenho como experiência visual | Palestra

Compartilhamos aqui uma síntese das reflexões apresentadas nos últimos cursos, organizadas em torno de quatro eixos. Esta conteúdo será ainda tema das próximas palestras nas cidade de Florianópolis, Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitiba (veja cronograma ao final)Continuar lendo “O Desenho como experiência visual | Palestra”

O Desenho é o avesso da linha

Tenho ensinado que aprender a desenhar é desapegar-se da linha. O que costuma dar mais trabalho ao professor é o aluno que “já sabe desenhar”, ou seja, que é possuidor de “algum conhecimento” (significando normalmente que já passou por algum curso de desenho) e, portanto está suficientemente viciado por conteúdos técnicos equivocados. O principal deles é a famigerada “linha”. Se quisermos uma relação profunda com o Desenho, é imprescindível desapagar dela: ela estrutura uma série de outros vícios que impedem o avanço da compreensão formal. De fato, é um dos desapegos técnicos mais dolorosos, e o que primeiro se deve empreender.Continuar lendo “O Desenho é o avesso da linha”

Palestra | “Prefiro não fazer: a desinvenção do olhar” (UNESPAR Curitiba)

Palestra na Universidade Estadual do Paraná | UNESPAR, onde o artista GUSTAVOT DIAZ fala sobre os referentes teóricos de seu repertório de trabalho, socializando as opções e incertezas de sua produção plástica e sua prática docente. Entrada franca!Continuar lendo “Palestra | “Prefiro não fazer: a desinvenção do olhar” (UNESPAR Curitiba)”

O Desenho como experiência visual (parte II)

No artigo anterior propus uma compreensão do Desenho como ferramenta capaz de emular coordenadas que efetivam a “experiência”. Essa capacidade garante que a atividade desenhística estabeleça diálogo intersubjetivo (entre o desenhista e o observador) na medida em que opera uma mediação entre a experiência visual do primeiro (quer dizer, a experiência por que passa o desenhista ao desenhar o modelo) e aquela futura, gerada no observador quando este se depara com o desenho finalizado.Continuar lendo “O Desenho como experiência visual (parte II)”

O Desenho como experiência visual (parte I)

Um antigo mito dá conta de explicar a origem da pintura no mundo clássico. Esse mito assinala uma dimensão intelectiva da prática, sugerindo que uma episteme do fazer manual já estava presente no DNA das artesanias. No capítulo 12 do livro XXV[1] da sua História Natural (77-79), Plínio, o Velho conta a lenda de Cora (filha do oleiro Butades da cidade de Sicião) que risca em uma parede o contorno da sombra de seu namorado, que em breve partiria para o estrangeiro. Butades então modelou em argila a cabeça do genro, tendo como referência o contorno traçado pela filha. Veja na galeria algumas imagens representando essa cena:

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Aula gratuita de Anatomia Artística com cadáveres

O estudo in loco de cadáveres, realizado há séculos para compreensão profunda do corpo humano, tem efeito de despertar o interesse pela figura, tema tão prolífico nas Artes Visuais, além de qualificar a visão do artista. A percepção correta dos volumes do corpo que garante um bom desenho, depende em boa medida do conhecimento anatômico.Continuar lendo “Aula gratuita de Anatomia Artística com cadáveres”

15 de Abril: Dia Mundial do Desenhista

O que é um “desenho de qualidade”? Para responder, consideraremos que, em primeiro lugar não vemos um Desenho – ele é quem vê por nós. Desenho é tudo aquilo que nos faz ver. Continuar lendo “15 de Abril: Dia Mundial do Desenhista”