
O Dia Mundial do Desenhista (15 de Abril) é propício para homenagear a coragem desses 11 profissionais que aceitaram o desafio de 1) serem artistas e 2) serem artistas “realistas”. Todos eles utilizam técnicas tradicionais, mas estão longe de posarem de antiquados, retrógrados ou saudosistas.
Pelo contrário, estão muito bem sintonizados às questões contemporâneas: assimilam em seus trabalhos – cujo temática central é a figura humana – dimensões políticas, culturais, sociológicas, psíquicas, etc, e descobriram que o preconceito contra o passado artístico e o descarte da tradição não os torna “modernos”; muito menos “contemporâneos”. Todos eles entenderam a legenda de Ezra Pound: “– Make it new!”, e ressignificam a tradição artística e o legado dos mestres do passado todos os dias…
Mais interessados em apresentar formulações plásticas de grande interesse estético do que patinar no impasse da arte contemporânea e repetir instalações conceituais, vídeos e ready mades, os artistas aqui homenageados entrarão para o futuro da História da Arte como integrantes de um capítulo que talvez se chame “Novo realismo contemporâneo”.
Admitimos que haverá injustiças na lista que segue; a primeira delas é justamente enfileirar artistas e defini-los como “melhores”. Não conhecemos a totalidade dos artistas de hoje, e mesmo as centenas que conhecemos avaliamos sempre sob a ótica individual. Independentemente de qualquer escalonamento na qualidade de seus trabalhos, os aqui citados merecem igualmente ser homenageados, sem distinção. Há muitos mais que gostaríamos de citar aqui; não o fazemos por falta de tempo… Pedimos desculpas desde já, e estendemos esta homenagem a todos os que empunham ainda um lápis em busca da “expressão conseguida”, do domínio técnico e estético tão difícil, tão buscado, mas ainda tão pouco compreendido!

ANTONIO LÓPEZ GARCÍA (Espanha, 1936)



Destaque numa importante exposição aberta recentemente (“Realistas de Madrid”), o pintor nascido em Tomelloso é um representante da velha guarda europeia, um mestre do desenho e da pintura a óleo. Aclamado como um dos mais notáveis artistas do realismo mundial, suas obras, de uma profundidade comovente, alcançam um tom lírico na descrição de grandes paisagens urbanas. Apropriando-se das ruas, suas velhas conhecidas, resgata nelas a poesia perdida, dotando-as de um novo encantamento. Já em suas naturezas mortas, carrega em detalhes de fortes tons emocionais em um magistral desenho que rearticula os padrões convencionais desta linguagem.
GOLUCHO (Madri | Espanha, 1949)



Signatário de um dos manifestos mais importantes do recente retorno à pintura que se opera no mundo todo – La Gallina Ciega – Golucho é um mestre da pasta cromática, a pintura por planos de cor, e do impasto. A leitura psicológica de sua retratística, e a densidade no desenho em carvão revelam uma profunda observação, além de um militante contra o que ele chama de “era onde toda arte se mede pela apreciação mais superficial do espectador e onde sob o trabalho do autor só se esconde uma necessidade imperiosa de agradar”.
LEE PRICE (Nova Iorque | EUA)



Embora tenha por foco a figura humana em seu trabalho, o fato de todos serem autorretratos faz de Lee Price, sobretudo uma retratista – sensível e com um discurso profundamente sintonizado à construção – midiática, imaginária, ideológica – da imagem da mulher, no que concerne às questões de gênero. Tendo a mãe sida deixada pelo pai quando Lee era ainda criança junto de 2 irmãs, desde a infância a artista se sensibilizara às exigências socialmente impostas sobre o corpo da mulher. A construção da imagem, a repressão (ou não) do desejo e o consumismo são os focos do trabalho desta artista que diz passar 72 horas semanais trabalhando em seu atelier.
DIRK DZIMIRSKY (ALEMANHA, 1969)



Esse artista, que possui também uma recente produção em pintura, já há algum tempo é conhecido pela excelência da representação realista, sendo comumente associado ao movimento da atualidade que chamamos “Hiper-realismo Contemporâneo”. A técnica hiper-realista é de execução muito complexa, sendo tão alta a sofisticação no desenho que muitos se fazem passar por “hiper-realistas”, sendo na verdade apenas “realistas”. Embora cada vez mais comum esse tipo de técnica, no Brasil raríssimos artistas identificam-se plenamente ao movimento.
NIKOLAI BLOKHIN (São Petersburgo | RÚSSIA, 1968)



Blokhin segue uma linha ilustrativa e de encomendas comerciais em seu trabalho, sem distinção de “alta/baixa cultura”. Seus desenhos são de impressionante força expressiva, e o domínio da plástica desta linguagem faz com que ombreie os mestres do realismo russo, escola bastante antiga. É professor numa das mais tradicionais academias de arte do mundo, a St. Petersburg Academy of Art e a parte mais contundente de seu trabalho são os desenhos em técnica mista sobre papel.
JAVIER ARIZABALO (FRANÇA, 1965)



Arizabalo é o desenhista da precisão, embora sua técnica esteja impregnada de sentido humano. Longe de ser um desenhista frio e impassível, constrói suas cenas com tocante sensibilidade, fugindo dos lugares comuns de temáticas hiper-realistas vulgares. Já pertencente a uma geração mais velha, Javier domina a figura em todas as suas modalidades, no desenho e na pintura. Desde retratos de corpo inteiro até partes do corpo, cada detalhe da forma é inspirado por uma observação comovente, nada tecnicista da figura.
MELISSA COOKE (EUA, 1982)



São poucos, raros artistas que trabalham com grafite. Na verdade, há muitíssimos desenhistas que utilizam o grafite como técnica expressiva; o que falta mesmo são obras expressivas como esta, que fotografa as próprias performances, num entrelaçamento entre linguagens. Melissa Cooke, além de jogar com os elementos auto-retratísticos, inventa um procedimento técnico bastante eficaz trabalhando com pó de grafite esfumaçado com pincéis. O resultado são desenhos de grandes dimensões com tratamento hiper-realista.
GOTTFRIED HELNWEIN (Viena | ÁUSTRIA, 1947)




Sem dúvida o pintor mais emblemático deste movimento, Helnwein nasceu entre os destroços da Viena do pós-guerra. Suas imagens, do mais assustador realismo fotográfico, perturbam pelo perfeito controle, não apenas da técnica, mas da consciência de estar bulindo com nosso senso de realidade. Isso sempre foi feito em arte, desde o proto-Renascimento, mas há uma distinção que torna as obras de Helnwein especialmente poderosas: a precisão cirúrgica da técnica e a profundidade realista de suas abordagens, garantindo uma percepção quase surrealista, ou”hiper-Real”, da imagem. Veja nosso artigo sobre ele!
ROBERT LIBERACE (Nova Iorque | EUA, 1967)



Com um conhecimento profundo de Anatomia Artística, Liberace faz um “update” na tradição por meio de uma aproximação moderna ao legado clássico, como diz em seus inúmeros DVD’S com masterclasses (muitos de seus vídeos podem ser adquiridos ou encontrados no Youtube). Excelente tanto na pintura, quanto no desenho, suas lições são valiosas a todo desenhista, e sua produção, bastante concorrida, resgata a força do desenho pictórico.
COLLEEN BARRY (EUA, 1981)



Ainda sem uma elaboração, digamos, “conceitual” consistente em sua produção, a jovem artista Colleen Barry tem, no entanto, um excelente repertório da pintura e do desenho clássicos, com um nível de aprimoramento plástico que lhe garante a docência no famoso Grand Center Atelier, em Nova Iorque. Nasceu e trabalha nos EUA, e estudou arte em diversos países europeus.
ROBERTO FERRI (Taranto | ITÁLIA, 1978)



Por último, mas não menos importante, este italiano merece um estudo à parte por conseguir recriar as coordenadas estéticas “chiaroscuro” do barroco italiano (século XVI) em sua vasta produção. Com enorme conhecimento de Anatomia, suas inspirações e preferências artísticas são bem visíveis em seu trabalho, onde não faz questão de ocultar a referência sempre presente dos mestres do passado, em especial de Caravaggio.
Imagem da capa | CHARLES MIANO, “Man Reaching” (carvão sobre papel)











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