Dedico esse post à artista Ise Feijó, como incentivo a sua produção
(não é uma montanha, mas é uma prova de amor)…
Os problemas que surgem quando nomeamos certa produção como “arte de mulheres”, “arte feminina” ou “feminista” revelam a colonização e os limites de nossa própria língua. Afinal, são as lacunas da linguagem os traços mais sintomáticos do modo como concebemos (ou deixamos de conceber) as coisas. Por que não temos uma “arte de homens” (ou essa é a única que existe)? Nem é preciso dizer que a História da Arte, como a conhecemos, é uma construção machista. Porém, quando a produção contemporânea realizada por mulheres é posta em perspectiva, assume um protagonismo sem precedentes. E esse quadro tende a alterar o eixo patriarcal da história.
Um fato, porém agrava o problema: parcela considerável da produção de mulheres sofre ainda uma ação de “invisibilização”, de que não raro o próprio feminismo participa.
Buscamos aqui apresentar uma amostra dessas obras produzidas por mulheres, mas secundarizadas no próprio contexto de arte “feminista”. Talvez por não abordarem imediatamente as pautas de sua agenda, talvez por desconhecimento – ou ainda por estarem ligadas a uma categoria artística pouco levada em consideração nos estudos de gênero: a categoria da pintura tradicional realista. Nos perguntamos o motivo disso – afinal, a arte figurativa produz grande diálogo; prova disso é a ampla visibilidade dessas artistas em suas redes sociais e canais de mídia, e sua forte inserção no mercado. Falta apenas serem (re)conhecidas e reivindicadas pelos próprios movimentos de mulheres.
Não se trata de arte “engajada” no sentido das produções feministas de cunho expressamente político, como as de Cindy Sherman ou do fantástico coletivo Guerrilla Girls, por exemplo. Mas considero que a intenção é a mesma: fazer uma arte de resistência, equilibrando o impacto brutal do machismo ao conferir um lugar às mulheres na História da Arte.

Mesmo quando se trata da categoria tradicional, a arte feita por mulheres é normalmente apresentada em manifestações específicas: de um lado ligada às artesanias (artesanato, costura, artes manuais, arte de comunidades tradicionais, etc); e de outro (no quesito da produção “erudita” de mainstream) aparece sempre alinhada entre Artemísia Gentileschi, Camile Claudel, Frida Kahlo e Louise Bourgeois – como se esse fosse o único alinhamento existente. Tal concepção precisa se atualizar. A escultura e pintura de cavalete ainda existem, e devem ser reivindicadas como arte de mulheres também.
Essas grandes artistas históricas, excluídas no passado do espaço canônico, devem hoje ceder lugar a uma geração de artistas mulheres também capazes de expor formas de subjetivação da identidade feminina de seu tempo. Suas obras, todas de excelente qualidade tecno-conceitual (e com ampla interlocução com público) apresentam identidades próprias que as resguardam de serem catalogadas sob qualquer tag uniformizante.
Creio que essas pinturas devam ser consideradas arte de mulheres, e não apenas “arte” em sentido abstrato (tal como normalmente são colocadas em seus próprios contextos). Separar essa produção da produção “feminista”, por qualquer motivo que seja, desagrega a força de expressão de ambos os meios. Noutro momento pretendemos contribuir a esse debate; por hora socializaremos apenas imagens: obras de cinquenta artistas que nos fazem repensar o papel e o lugar da mulher na história artística contemporânea.
É uma pequena seleção que considero indispensável para se compreender os sentidos e as realidades da arte atual (clique no nome para acessar o website de cada uma delas):
ALEAH CHAPIN (EUA)





ANA TERESA FERNANDEZ (México)



ALYSSA MONKS (EUA)



ANNEMARIE BUSSCHERS (Alemanha)
CAROLE FEUERMAN (EUA)
DIANE VICTOR (Africa do Sul)
ANNA WYPYCH (Polônia)
ERIN ANDERSON (Polônia)
ERIN MILAN (EUA)
LUCY GLENDINNING (Inglaterra)
MELISSA COOK (EUA)
ELISABET STIENSTRA (Holanda)
ZOEY FRANK (EUA)
MARTA PENTER (Brasil)
ZARIA FORMAN (EUA)
REISHA PERLMUTTER (EUA)
AMY JUDD (EUA)
CLIO NEWTON (EUA)
ANA ELISA EGREJA (Brasil)
COLLEEN BARRY (EUA)
JENNIFER NEHRBASS (EUA)
MARIA KREYN (Rússia)
MARIA TEICHER (EUA)
KETHERINE STONE (EUA)
MONICA SANABRIA (México)

LEE PRICE (EUA)
SUSAN LYON (EUA)
TERESA OAXACA (EUA/MEXICO)
MARIANA RIERA (Brasil)
VANIA COMORETTI (Itália)
KATE SAMMONS (Coreia)
MEGHAN HOWLAND (EUA)
AMAYA GURPIDE (Espanha)
MARGARET BOWLAND (EUA)
JENNY MORGAN (EUA)
KATIE O’HAGAN (Escócia)
ADRIENNE STEIN (EUA)
RACHEL MOSELEY (EUA)
CANDICE BOHANNON (EUA)
ILEANA COLAZZILLI (Itália)
WANG TAO (China)
ANNE HERRERO (EUA)
ANDREA KOWCH (EUA)
CARMEN MANSILLA (Espanha)
KAREN OFFUT (EUA)
ANNE MARIE KORNACHUK (EUA)
NANCY PRATOR HOLLINGHURTS (EUA)
MERRY SEE (EUA)
LAURIE LEE BROOM (EUA)







JENNIFER BALKAN (EUA)












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imagem da capa | JENNY MORGAN, 2012 | “Channeling” (óleo sobe tela)

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