Desenhos do Corpo | EXPOSIÇÃO

As primeiras reuniões de artistas no cinquecento, em Florença – que redundariam na primeira Academia, tinham um objetivo comum: o desenho dal nudo ou dal naturale. O que os italianos chamam hoje dal vero, ou desenho de modelo vivo, era o fundamento da educação artística até o século XIX. As Academias brasileiras, contudo, derivaram do modelo francês constituído em meados do XVII.

IMG_7807 - CópiaMas se hoje o desenho da figura mantém algum vínculo com esses antigos modelos, não é senão por meio de uma tênue ressonância entre as práticas: a experiência única de se deparar com o modelo. No Brasil, não se pode chamar um desenho de “acadêmico”; isso seria desconhecer os métodos e pressupostos da Academia; “clássico” é um termo ainda menos adequado: remete à antiguidade greco-romana. A figura na contemporaneidade encontrou significados e soluções plásticas que efetivamente pouco devem ao classicismo… O que se manteve foi a união de artistas em busca da conquista da linguagem figurativa em Oficinas de desenho do corpo humano, grupos de estudo, sessões de pose, etc. cujo aparecimento temos notícia em diversas partes do mundo.

A produção daí advinda distancia-se da velha Academia – mas também daquela arte pautada no “conceito” – e acaba por realizar uma interessante mediação: da Academia toscana restou o interesse pelo modelo vivo e pelas técnicas tradicionais do desenho; da “arte contemporânea” ficou a lição de que a elaboração conceitual pode, e deve, qualificar o trabalho artístico (elaboração essa chamada “poética”).

Mas por que retomar uma prática que data da Renascença?

Porque o desenho é um saber específico, uma artesania cuja sobrevivência depende de um movimento ininterrupto. E porque a arte é o foro privilegiado da insubmissão: insubmissão aos limites que o desconhecimento técnico impõem. Não é o “conhecimento da técnica” que priva o artista de liberdade – é a falta dele. Outrossim, a “novidade” – valor recente na História, não deve mais ser um critério absoluto (aprendemos isso com o fim das vanguardas). Na arte, a expressão é sempre nova, cada artista encontra sua própria articulação da linguagem visual; sempre apresenta ao mundo uma nova peça que demanda, por sua vez, um “olhar novo”.

Realizados nas Oficinas ANATOMIA ARTÍSTICA & Desenho do Corpo Humano com modelo vivo e RETRATO | Desenho & Anatomia no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, no ano de 2015 sob a orientação de Gustavot Diaz – os estudos e exercícios da exposição Desenhos do Corpo procuram uma voz autoral; são um processo de elaboração, fragmentos de um processo – individual pela técnica, e coletivo pelo fazer.

Gustavot Diaz

COMISSÃO CURATORIAL:
Aline Vargas
Gustavot Diaz
Luciana Kingeski
Marcio Vaz
Vivian Bamberg Corassini

MOSTRA “Desenhos do Corpo”

Exposição dos trabalhos realizados nas Oficinas de desenho com modelo vivo do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo

CRONOGRAMA
Vernissage
16 de Fevereiro | 2016
Último Dia de Visitação
19 de Março | 2016

LOCAL
CENTRO CULTURAL CEEE ERICO VERISSIMO
Rua dos Andradas, 1223 | Centro Histórico, Porto Alegre

Flyer virtual Expo CEEE.jpg

Imagem da capa e do cartaz | GREGÓRIO BRUNING

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Publicado por Gustavot Diaz

Artista visual e escritor, co-fundador do espaço artístico MÍMESIS | Conexões Artísticas em Curitiba, e ministrante do curso Processos Poéticos. Vive atualmente em Porto Alegre (RS).

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